Fico assustado com o comportamento de muitos evangélicos que tenho observado hoje em dia. Há quem acredite que fé, salvação, graça, evangelho, Cristo e outros assuntos espirituais só são autênticos à moda dele. Este tipo de crente é o que eu chamo de “proprietário da graça”.
O proprietário da graça sofre de um problema sério: a ilusão de ser Moisés (só ele sobe ao monte Sinai, só ele tem mais intimidade). Ele geralmente tem um orgulho denominacional absurdo: “na minha igreja é onde está o povo que vai morar no céu”. Ele enlata, engarrafa, empacota a graça e registra na embalagem: “made in denominação x”. É como o judeu que diz que o lugar certo de adorar é em Jerusalém ou como o samaritano que exalta Samaria como a capital do culto a Deus. Ao contrário, o verdadeiro dono e doador da graça (Cristo) ensinou que a forma certa de adorar a Deus é aquela feita em espírito e em verdade. Só ele sabe também qual é o jeito certo de adorar a Deus. Já vi um irmão ficar de cara feia para o outro porque este estava batendo palmas no momento do louvor no culto (síndrome de Mical que desprezou o modo como Davi adorava a Deus na presença do povo). Ainda bem que tal gesto arrogante não tirou a alegria da adoração do irmão que estava regozijando no Senhor.
É por isso que todo “proprietário da graça” é uma mistura de fariseu com judaizante. Fariseu porque ele se gaba de sua religiosidade, de suas formas de expressar devoção, de sua salvação e dá graças a Deus por não ser como A ou B. Judaizante porque ele quer manipular a salvação, gerenciar a graça e dar a sua receita e a sua fórmula para que alguém seja de fato cristão. Ele é mais preso aos costumes locais do que ás doutrinas universais das Escrituras. É devoto da forma e avesso á essência. É aquele que toma o lugar de Jesus e que, através de seus próprios “dogmas”, quer responder a indagação: “Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?”.
O proprietário da graça acha que Cristo morreu e deixou o testamento somente para ele ou para a sua denominação. Mas graças a Deus que a graça é boa dádiva e dom perfeito que vem do Pai das Luzes (Tg 1.7) para todos os que crêem em Jesus (Jo 1.12), aquele que morreu para o mundo fora dos muros de Jerusalém.
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