domingo, 5 de dezembro de 2010

Oração sincera de um missionário


Senhor, livra-me desse modelo de missionário:

Que se importa com a salvação de almas, mas se esqueço do cuidado de pessoas;
Que faz muitos convertidos, mas poucos discípulos;

Que prega o Evangelho do Reino, mas não demonstra o Evangelho nem os valores do Reino.

Que trabalha por igrejas implantadas, mas não pela melhoria das comunidades sofridas;

Que deseja erguer um templo novo, mas não lutar pela dignidade do povo;

Que deseja hastear a bandeira denominacional, mas pouco se importa com a justiça social;

Que deseja livrá-los do inferno escatológico, futuro, mas e o inferno presente, no mundo?

Que olha para o pobre, oprimido, injustiçado, doente e abandonado e diz: “o problema não é meu nem da igreja, é do Estado”. Isso não é Evangelho integral, mas mutilado, alienado.

Que diz: “meu negócio é levar essa gente pro céu; que se exploda esse mundo, essa babel!”.

Que abre a boca para pregar, mas fecha os olhos não para ver e os ouvidos para não escutar.

Que com o seu pensamento cartesiano separa o corpo da alma imaterial, não vendo o homem como um todo, como um ser integral.

Que tem paixão pelas almas, mas não pelas histórias, pelas vidas.
Que tem muita fé, mas não obras.

Que deseja lá pregar e lá viver, mas com os problemas do povo não se envolver.

Senhor, ao me enviares, me faças ser povo do povo, gente da gente; não quero ser omisso, indiferente. Quero ser um descontente lutador, que não se conforma com o pecado que distancia as almas de Deus, mas também inconformado com a aristocracia que nega aos homens os direitos que são seus.