segunda-feira, 16 de maio de 2011

São José da Tapera e a Reflexão Sobre as Parcerias Cristãs

Mãe segura filhos desnutridos em São José da Tapera


Há alguns dias estava lendo uma matéria sobre o trabalho que a Visão Mundial (uma organização não governamental cristã, brasileira, de desenvolvimento, promoção de justiça e assistência, que combate as causas da pobreza, trabalha com crianças, famílias e comunidades) tem realizado em São José da Tapera. Este município no interior de Alagoas ficou conhecido por ter sido apontado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o mais pobre do Brasil e com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com uma taxa de mortalidade infantil superior ao de Serra Leoa, África (147 óbitos a cada 1000 crianças nascidas vivas antes de completarem um ano de idade).
Diante do grave problema da desnutrição, uma das principais causas da grande mortandade infantil no município, a Visão Mundial somou esforços ao trabalho já realizado pela Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – voltado para o desenvolvimento integral das crianças.
Comentando esse tema com um grupo de amigos, escutei a seguinte crítica da parte de um deles: “Uma organização evangélica trabalhando em parceria com uma organização católica?”. Acredite quem quiser, mas ainda hoje tem evangélicos que carregam sobre o pescoço tal “cabeça dura”.
Compartilhei com o caro amigo o texto de Lucas 5:6,7: “...colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que fossem ajudá-los. Foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique”. Como são importantes as parcerias no serviço cristão no mundo! Imaginem quão grande trabalho temos quanto à questão do socorro às crianças em situação de risco, por exemplo. Quanto mais “barcos” se aliarem mais “peixinhos” poderão ser resgatados da miséria e da morte. Se as organizações cristãs e igrejas trabalharem isoladas, com uma visão “umbilicocêntrica”, voltadas para si mesmas e suas estruturas, sem se abrirem à reflexão e à ação conjunta, irão naufragar no cumprimento da missão integral.
O meu sonho é ver evangélicos e católicos, sacerdotes e leigos, jovens e velhos, pentecostais e tradicionais, se unindo por causas comuns, servindo à missão de Cristo no mundo. Temos que conceber uma nova ética social a fim de sermos mais eficazes no trabalho de cumprir toda a missão de Cristo no mundo. Devemos nos lançar às águas profundas, nos envolver seriamente – e não de forma rasa e superficial – com as graves questões sociais que já não podem mais ser ignoradas por quem se considera cristão. Contudo, é hora também de fazer sinal aos companheiros do outro barco para ajuda mútua. A bandeira do outro barco pode ser diferente (não defendo sincretismo estrutural ou teológico), mas isso não é e não deve ser problema quando o assunto é servir e amar a Deus, servindo e amando ao próximo de maneira prática e concreta.

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